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Já por duas ou três vezes que recebi o mail que reproduzo aqui:
"O António, depois de dormir numa almofada de algodão (Made in Egipt),
começou o dia bem cedo, acordado pelo despertador (Made in Japan) às 7
da manhã.
Depois de um banho com sabonete (Made in France) e enquanto o café
(importado da Colômbia) estava a fazer na máquina (Made in Chech
Republic), barbeou-se com a máquina eléctrica (Made in China).
Vestiu uma camisa (Made in Sri Lanka), jeans de marca (Made in
Singapure) e um relógio de bolso (Made in Swiss).
Depois de preparar as torradas de trigo (produced in USA) na sua
torradeira (Made in Germany) e enquanto tomava o café numa chávena
(Made in Spain), pegou na máquina de calcular (Made in Korea) para ver
quanto é que poderia gastar nesse dia e consultou a Internet no seu
computador (Made in Thailand) para ver as previsões meteorológicas.
Depois de ouvir as notícias pela rádio (Made in India), ainda bebeu um
sumo de laranja (produced in Israel), entrou no carro Saab (Made in Sweden)
e continuou à procura de emprego.
Ao fim de mais um dia frustrante, com muitos contactos feitos através
do seu telemóvel (Made in Finland) e, após comer uma pizza (Made in
Italy), o António decidiu relaxar por uns instantes.
Calçou as suas sandálias (Made in Brazil), sentou-se num sofá (Made in
Denmark), serviu-se de um copo de vinho (produced in Chile), ligou a
TV (Made in Indonésia) e pôs-se a pensar porque é que não conseguia
encontrar um emprego em PORTUGAL...
Talvez este mail devesse ser enviado às empresas e aos consumidores
portugueses.
O Ministério da Economia de Espanha estima que se cada espanhol consumir
150€ de
produtos nacionais, por ano, a economia cresce acima de todas as estimativas
e,
ainda por cima, cria não sei quantos postos de trabalho."
Ora, não costumo responder a estes mails, só que a filosofia por trás deste mail vai muito além de consumirmos produtos nacionais (o que economicamente é discutível e discutido desde Adam Smith), transporta o ónus de encontrar um emprego, da pessoa que o quer, para a sociedade no seu geral!
Ou seja, a "culpa" de eu não arranjar emprego, não é minha... é do país não consumir produtos "Made in Portugal"!
Esta foi a resposta que mandei a alguns amigos meus:
"Oh malta...
Já não é a primeira vez que recebo este mail e desta vez não resisti a responder...
1º Quem é este Antonio que usa relogio de bolso? Em que ano é que ele vive?
2º Quem é este Antonio que usa uma maquina de calcular para saber quanto vai gastar? Se calhar se não gastasse dinheiro nela podia comer um croissant (Made in Padaria). :):)
3º Além de comprar carros de marcas que foram à falência, podia investir algum tempo a perceber que os telemoveis finlandeses, tambem foram feitos em Singapura ou país do género e que as pizzas são MADE in Forno... Se calhar ajudava quando fosse a entrevistas...
4º Ó António, bebe aguaguinha (Made in Torneira), gasta menos em telemovel e pára de ser esquisito, porque "trabalhos" há muito... empregos é que não.
PS: A taxa de desemprego em Espanha é de 18,5% e foram considerados pelo Economist como uma das piores economias da zona Euro."
Moral da historia: DEIXEM-SE DE TRETAS!
Passamos tanto tempo focados em arranjar desculpas para o que não está como nós queremos, que por vezes esquecemos que podemos aplicar essa energia em arranjar soluções! Eu sei disto pois adoptei durante muito tempo, e por vezes ainda caio nisso momentaneamente, neste raciocínio inutil!
O que é que eu ganho ao pensar assim? Que empregos é que vou conseguir ao pensar assim?
Ao longo do ultimo ano e meio de posts no Acção Já, falamos imenso de escolhas, de opções, de agir, de fazer mais, de ser flexível e adoptar novos comportamentos, de assumir desafios e aprender com os erros, de tomar controlo da nossa realidade!
Mesmo que na realidade isto não funcione (e sabemos que funciona), que estratégia tem mais probabilidade de sucesso?
PS: Vê tambem self confidence e auto confiança
Mai nada!!!
ResponderEliminarEsta filosofia de internalizar o sucesso e externalizar o fracasso já cansa.
Responsabilidade - PRECISA-SE!
Há coisas que transcendem o nosso próprio controlo sobre a realidade,questões que têm muito mais de macro que de micro,e as quais me parecem prevalecer acima das estratégias individuais.Mas tb concordo que há sp algo mais que podemos fazer por nós e pelo nosso futuro quanto mais não seja apanhar um avião Ryanair (made in Marte) e nos irmos queixar da economia e da taxa de desemprego para um qualquer país bem mais interessante (que será sempre mais interessante quando visto de fora).
ResponderEliminarDe resto só me apraz dizer que conheço alguns e bons rapazes que usam relógio de bolso em pleno século XXI e que isso só é mais um ponto a favor deles :)*
:)
ResponderEliminarO problema (ou a solução) está na atitude. A sociedade cola-se aos maus exemplos em vários aspectos. Por isso é que liderar pelo exemplo é do mais complicado que há. Isto aplica-se a tudo: hábitos de consumo (matrialismo), forma de estar no emprego (atrasos, falta de postura), etc. É pena que não se veja em portugal a garra e a força de lutar contra a maré. Se calhar, nem é preciso lutar contra nada, são precisos é exemplos fortes de outras "formas" de estar na vida. Em portugal só se vê gatunos e contruções de vida irresponsáveis.
ResponderEliminarO que nos vivemos é uma crise de Valores !
ResponderEliminarSe considerarmos o triangulo “EU”, “OUTROS” (relações) e no último vértice “OBJECTIVOS”, temos, nada mais nada menos, que a moldura dentro da qual se vive a "CAUSA".
Aquilo que verifico é que a maioria das pessoas no vértice do EU, tem o EGO,
No vértice dos OUTROS, têm relações com pessoas em estados limitativos, onde o pessimismo impera
E no vértice dos OBJECTIVOS, há… Vazio…
Nestas condições há a necessidade de sair deste triangulo e entrar no domínio dos "culpados e das justificações".
É a vida no "EFEITO", no que não depende de nós.
É a crise que vivemos, mas essa crise não é económica, é uma profunda crise de VALORES, é a falta de MOTIVO, de PROPÓSITO DE VIDA, é o viver no ESTADO da derrota e da desistência.
Tenho a certeza que Portugal não é isto, não será isso, temos acordar, temos que ouvir os “Sinos a Rebate” !
Portugal já provou por mais do que variadíssimas vezes que não é isto e que pode muito mais...
ResponderEliminarPouco a pouco, a semente do progresso está-se a instalar... Tenho confiança de que daqui a pouco tempo viveremos enquanto nação, com premissas bem diferentes das de hoje!
Muito bom Ricardo!
ResponderEliminarAcordar do marasmo que em que vivemos quando acreditamos em todos estes disparates é o mais importante.
Quando acreditamos em qualquer limitação exterior, estamos a oferecer o nosso poder interior, ilimitado, a um estranho ilusório!
Obrigada!
E obrigado Angela por seres uma das pessoas que impulsiona outros a serem mais e melhores!
ResponderEliminarBeijinhos e bom Natal!